Nossa História

Os primeiros documentos oficiais que fazem referência à nossa região citam sua localização como ponto importante do Caminho de Goyazes, uma estrada real que ligava o litoral paulista a Minas Gerais e à Capitania de Goiás, durante o período colonial. Nos mapas dessa época, a região era conhecida como Quilombo, tendo como principal referência o Ribeirão do Engano. Nos anos finais do século XVIII, foram registradas as primeiras cartas de doação das terras pela Coroa portuguesa, as sesmarias, para que os senhores de engenho e proprietários de escravizados pudessem explorar a região e incentivar seu povoamento. Essas cartas foram oferecidas a Ignacio Caetano Leme, Rafael de Oliveira Cardozo, Dona Maria Thereza do Rozario e Joaquim da Silva Leme, todos habitantes da Vila de São Carlos, que hoje conhecemos como Campinas.   

Coube a Ignacio Caetano Leme o papel de construir a primeira via pública para o transporte de pessoas e mercadorias, garantindo a ligação de suas terras com a Vila de São Carlos. Em 1821, foi inaugurada a Estrada Velha, ainda que o sesmeiro quisesse impedir que as tropas, os viajantes e os roceiros utilizassem sua estrada, forçando a população a realizar longos desvios e dificultando o povoamento da região. Uma das bifurcações da Estrada Velha era conhecida como a Estrada de Terra Preta, fazendo com que as terras do povoado que deu origem à Hortolândia fossem conhecidas, inicialmente, como povoado da Terra Preta, em uma região que fazia divisa com o município de Monte Mor. O nome se dá pela abundância de jazidas de carvão naquela região, que dão essa coloração ao solo. 

Em 1850, Dom Pedro II promulgou a Lei de Terras no Brasil, garantindo que um terreno apenas pudesse ser adquirido por meio da compra e venda. Esse processo garantiu a transmissão das terras por herança e impediu que imigrantes e alforriados conquistassem terras por meio da posse. Nesse contexto, vários nomes de indicações naturais que passavam pelas terras das grandes famílias proprietárias também mudaram de nome, como foi o caso do Ribeirão do Engano, que recebeu o nome de uma bebida típica dos tropeiros e viajantes que passavam pelo caminho da Estrada Velha, feita de farinha, água e rapadura (ou açúcar), passando a se chamar Ribeirão Jacuba.

Durante a década de 1870, graças ao desenvolvimento da economia cafeeira, Campinas havia se transformado no maior centro do Oeste Paulista, dividindo-se em duas freguesias. O primeiro marco legal da existência de nosso município é a lei de divisão de Campinas em duas freguesias, Nossa Senhora da Conceição e Freguesia de Santa Cruz, da qual a região da Estrada da Terra Preta passa a fazer parte. Assim, oficialmente, Hortolândia surge como parte do município de Campinas.  

Entendidas como Terra Preta e Jacuba, as terras que hoje compõem nosso município eram típicos bairros rurais de propriedade particular. Aos poucos, a população dessa região de Campinas foi se espalhando para as demais regiões do caminho dos tropeiros, criando raízes em Piracicaba, Monte Mor e Capivari, ou ainda nas regiões do ribeirão Jacuba e de seus afluentes.  

As ferrovias chegaram à região de Campinas, conhecida como Oeste paulista, durante a década de 1870, buscando transportar o café produzido nessa região para o porto de Santos, além de abastecer as fazendas com mercadorias estrangeiras. As ferrovias também garantiram a chegada de mão-de-obra para a região, fossem os escravizados vindos de outras regiões do país, já que o tráfico negreiro havia sido proibido em 1850, fossem os imigrantes europeus e japoneses, que eram credenciados para o transporte gratuito.  

A primeira estação ferroviária da São Paulo Railway Company foi inaugurada em Campinas, no ano de 1872, agilizando o transporte do café de todo o Oeste Paulista para o litoral. Buscando dinamizar ainda mais a produção, os cafeicultores da região fundarem a Companhia de Estradas de Ferro d’Oeste, que foi rapidamente absorvida pela Companhia Paulista de Estradas de erro, buscando ligar suas próprias fazendas à estação campineira. Com isso, novas estações ferroviárias foram rapidamente criadas, expandindo a malha do transporte na região: em 1875, por exemplo, a linha chegou até Santa Bárbara d’Oeste. 

Nesse período, Terra Preta mantinha-se como um típico bairro rural, marcado pelas questões características desse tipo de região. As notícias conhecidas da região, nesse período, falam sobre a compra e venda de sítios, sobre o comércio e aluguel de homens e mulheres escravizados e sobre as benfeitorias nas terras.  

Já o bairro de Jacuba começou a desenvolver pequenos núcleos populacionais com características mais urbanizadas, especialmente a partir do momento em que a Companhia Paulista de Estradas de Ferro identificou naquele bairro um importante potencial logístico para a construção de pátios de manobra para seus trens. Logo no início da República, em 1896, a Companhia instalou um posto telegráfico no bairro de Jacuba, instalando ali também o oficial responsável pela operação do telégrafo e sua família. Esse movimento garantiu a comunicação entre Jacuba e outras regiões da província de São Paulo, impulsionando seu crescimento.  

A partir de então, o bairro de Jacuba passou a noticiar diversas questões locais sobre temas distintos, que iam desde assuntos voltados à economia e à política locais, até questões vinculadas à saúde pública, à instrução escolar e aos casos policiais. Com isso, o bairro se tornou conhecido em todo o estado e passou a ser notícia nos grandes veículos de comunicação. Em 1906, o jornal O Estado de São Paulo chegou a noticiar uma ação grevista, organizada pelos trabalhadores ferroviários, ocorrida entre o Posto Telegráfico Jacuba e a Estação Ferroviária Boa Vista (hoje bairro Boa Vista, em Campinas), o que demonstrava o reconhecimento e a importância do posto como marco para a identificação da nossa região em toda a província de São Paulo. 

De acordo com a lei estadual 1187, promulgada em 16 de dezembro de 1909, Campinas sofreu uma nova divisão administrativa, territorial e judiciária. Nesse contexto, foi criado o distrito de Rebouças, aos quais os bairros rurais de Terra Preta e Jacuba passaram a pertencer, incluindo-se também o Núcleo Colonial Nova Veneza, composto por italianos. A lei buscava incentivar o desenvolvimento dos pequenos núcleos populacionais da região. Terra Preta marcava a divisão territorial entre Campinas e Monte Mor.  

Com o desenvolvimento da região, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro decidiu fundar, na mesma área que ocupava o centro telegráfico, mais uma estação ferroviária. Em primeiro de abril de 1917, foi inaugurada a Estação Jacuba, com embarque e desembarque regular de cargas e passageiros. Também foi construído um armazém para que as cargas fossem recebidas e despachadas. A estação buscou incentivar a pequena e média produção agropecuária na região, urbanizando o bairro de Jacuba e garantindo a ocupação das áreas mais afastadas, como o Sítio da Serra (nas proximidades da antiga Cobrasma) e a Taquara Branca (perto de Terra Preta, marcando a atual divisão entre Hortolândia e Sumaré). A presença da Estação ferroviária Jacuba demarcou definitivamente a importância da região no mapa de São Paulo.  

A partir de então, a população de Jacuba e dos bairros ao redor começaram a solicitar melhorias para a região, como a implantação de um grupo escolar, a busca de saneamento e o auxílio aos enfermos durante a epidemia de malária (conhecida como impaludismo, no período).

Com a chegada da estação de trens da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a população de Jacuba e dos bairros ao redor começaram a solicitar melhorias para a região, como a implantação de um grupo escolar, a busca de saneamento e o auxílio aos enfermos durante a epidemia de malária (conhecida como impaludismo, no período). Hoje, você pode conhecer um pouco mais sobre o processo de formação da região e da Estação Jacuba para o crescimento e a ocupação das áreas até então conhecidas como Jacuba e Terra Preta. 

Nesse contexto, o número de sítios e de residentes na região de Jacuba aumentou, gerando constantes conflitos quanto à nova divisão e demarcação das terras de cada proprietário. Um dos mais famosos desses desentendimentos ocorreu entre os anos de 1916 e 1923, envolvendo os sitiantes Zacharias da Costa Camargo e Jacob Baumgartner, instalados na região desde o início do século XX. Outras questões também movimentavam a região, de tal forma que o mesmo Costa Camargo foi preso pela guarda civil de Campinas, no contexto da Revolução Constitucionalista de 1932 (quando São Paulo tentou se separar do restante do país, durante o governo de Getúlio Vargas), por ser contrário ao levante e não aceitar contribuir com o exército paulista.  

No processo de urbanização da região de Jacuba e Terra Preta, uma das questões que recebeu maior destaque foi o envolvimento popular com as práticas religiosas. Em 1930, a região voltou os olhos para o Sítio da Serra, também conhecido como Sítio do Rodrigues, devido às manifestações mediúnicas da menina Maria Appolonia, que tinha apenas 12 anos na época. A população de Jacuba acreditava que a menina tinha dons de benzimento e cura, advindos da intercessão de Nossa Senhora Aparecida, que permitiram que ela curasse sua mãe que tinha problemas estomacais. A partir de então, Maria Appolonia passou a ser conhecida como a Santinha de Jacuba.  

Os peregrinos de várias regiões do estado passaram a visitar a menina, de tal forma que o caso ganhou espaço na imprensa e acabou sendo apurado pelas autoridades, sendo considerado como um atentado à moral e aos bons costumes. O juiz de menores de Campinas decretou que aquela prática era um crime e determinou a prisão do pai da menina, Miguel Felicetti, além da suspensão de seu pátrio poder. Além disso, Maria Appolonia foi enviada ao abrigo de menores de Campinas e seguiu para o Patronato São Francisco, onde atualmente existe o colégio ave maria, vivendo no internato por cerca de seis meses. A menina não voltou a viver com a família, sendo esse um dos episódios mais importantes da manifestação da religiosidade da região em seu período de formação. 

Na metade do século XX, o bairro Jacuba já era uma região urbanizada, dando início ao processo de oficialização e venda de seus primeiros loteamentos, como foi o caso do Parque Ortolândia, propriedade do dono da cerâmica e agropecuário João Ortolan; do Remanso Campineiro, de Juvenal de Sousa Pinto, comprador da Cerâmica Ortolan; e do Vila Real, dividido em propriedades de moradores da Jacuba. Esse período é marcado pela fundação de diversas instituições religiosas na cidade, como a primeira paróquia católica, vários templos evangélicos e a formação do Educandário Adventista, nas terras doadas por João Ortolan, onde hoje se localiza o Instituto Adventista São Paulo. Além disso, é nesse período que a energia elétrica chega à região.